Deixei a família na praia e fui procurar estacionamento. Voltas e voltas e nada. De súbito, vi que o ‘parque’ improvisado acabava numa duna. Tentei fazer marcha-atrás mas já estava atolado na areia. O meu desespero só me enterrava mais. Logo, num curioso milagre, surgiu um reboque que exigiu uma pequena fortuna para me salvar. Mas uns adolescentes que passavam indignaram-se com os usurários: chamaram amigos, arranjaram pás e convenceram o dono de um SUV a puxar o meu carro. Esfalfaram-se mais de uma hora ao sol para acudir a um estranho. No fim, caninamente grato, quis recompensá-los mas recusaram: "Não senhor, era o que faltava." Fui-me dali duvidando seriamente das teses libertárias que exaltam o egoísmo como força motriz da natureza humana.