terça-feira, março 06, 2007

Posso-me gabar que aguentei com um comboio em cima de mim...

Uma mulher de 77 anos viu um comboio passar-lhe por cima, em Barroselas (Viana do Castelo), mas não sofreu um arranhão, nem o seu coração deu sinais de fraqueza, apesar dos problemas cardíacos que a afligem. “Posso-me gabar que aguentei com um comboio em cima de mim”, graceja, hoje, Maria Delores Ramos, já refeita do susto que apanhou, em 15 de Fevereiro passado. O episódio ocorreu na antiga passagem de nível de Teixe, entretanto encerrada e substituída por um viaduto. “Tia Delores” decidira atravessar, ali, a linha do caminho-de-ferro, para evitar dar uma volta “muito grande”. Mas, ao transpor um carril, caiu e não conseguiu levantar-se, por causa da artrose que lhe debilita as pernas. “Muito a custo, lá me consegui sentar no meio da linha, e por ali fiquei seguramente uns dez minutos, à espera que alguém passasse para me ajudar. Mas não passou ninguém. Quem passou foi o comboio. Foi Deus e Nossa Senhora de Fátima que me salvaram”, recorda a senhora, sem esconder o terror que sentiu quando viu um comboio aavançar na sua direcção. “Ainda esbracejei, a ver se o maquinista me via no meio da linha, mas qual quê?”, comenta a senhora, soltando gargalhadas. Com sangue-frio e lucidez impressionantes, deitou-se entre os carris, ao longo da linha, e ficou ali, “quietinha e muito direitinha”, à espera que o comboio lhe passasse por cima. “Olhe, comecei a rezar e a pedir perdão a Deus pelos meus pecados. Mas quando vi que a primeira carruagem passou por cima de mim e nem me tocou, pensei logo que estava safa. E safei-me mesmo”, acrescenta. O comboio parou, cobrindo ainda parte do corpo da mulher. O maquinista foi a correr e ficou “embasbacado” quando a viu sã e salva. Outras pessoas, que a ajudaram a levantar-se, perguntaram-lhe “se estava boa da cabeça” e “tia Delores” respondeu-lhes que, “se calhar, estava melhor do que elas”. Mãe de sete filhos, habituada à vida “dura” do campo, sacudiu a terra da roupa e lá seguiu o seu caminho, porque, nesse dia, tinha combinado acompanhar uma filha a Viana do Castelo para “tratar de umas coisas”. E também foi “agradecer a Deus”. Mãe e filha foram à igreja matriz “pagar” o milagre que tinha acontecido.

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