sexta-feira, abril 13, 2007

Assino por baixo...

...o texto que a seguir se descaradamente plagia, retirado do Bitaites.

"A entrevista do primeiro-ministro hoje na RTP 1 foi hilariante e aflitiva. Começou, como não podia deixar de ser, por abordar o problema das qualificações académicas do senhor. Acho absolutamente incrível os jornalistas acharem que devem perder a preciosa oportunidade para fazer perguntas sérias ao chefe do governo do seu país e que nos esclareçam aquilo que o governo anda a fazer pela boca do próprio primeiro-ministro. Não é todos os dias que o podemos fazer. Os mais cépticos até poderão dizer, “mas ele está a mentir, o que ele diz é propaganda”. Não quero saber. Mesmo assim eu tenho o direito de ouvir precisamente o que ele quer dizer em termos de economia, reformas, qualificações, rigores, crescimento, etc. Não quero saber se o senhor tem um bacharelato em engenharia e que por isso ainda não é engenheiro e que não pôs no currículo o que devia ter posto. Estas questões são completamente irrelevantes para o país. Como o primeiro-ministro disse, e muito bem, foi hilariante, “não esperei ter de explicar na televisão o uso do trato por sr. engenheiro por parte do português normal” (estou a citar de cor). É realmente vergonhoso para a classe jornalística. Mas enfim. É a que temos. Adiante. Quero dizer que não votei PS nem tenciono votar PS nas próximas eleições. A conversa sobre economia foi das menos esclarecedoras. Mais uma vez porque o raciocínio do primeiro-ministro nunca chegava ao fim. Os jornalistas não paravam de o interromper. E ainda por cima, faziam perguntas sobre aquilo que ele acabara de explicar. Lindo. A senhora jornalista quase que chorou. Eu gosto do tom do primeiro-ministro. É um bocadinho assustador ao princípio, porque ele é veemente, mas vemos que ele até admite que é “um bocadinho antipático para os jornalistas.” Gosto da veemência, acredito na sua boa fé e quero aqui, na blogosfera, que ele tanto atacou nessa entrevista, ser dos primeiros a acreditar na sua boa fé. E não estou a ironizar. Soubemos que crescemos mais do que estávamos à espera, finalmente começámos a inverter as curvas do défice e do crescimento. Só o desemprego é que está mal. Claro que está. Nunca existiu uma estratégia de produção no país. Fomos vendendo o país aos bocados até ficarmos como destino turístico e prestadores de serviços: Educação. Nicles. Cultura. Nicles. Saúde. O mínimo possível. Justiça. A funcionar. Mal. Férias dois meses e quejandos… Investigação científica. O que é isso? Mas os americanos não descobriram já tudo? Eles depois dizem-nos! Indústria Naval. Isso era um ninho de comunistas, tivemos de acabar com isso. Indústria química, hã? Temos é de fazer coisas com mão-de-obra desqualificada como sapatos e calças. O rol podia continuar. Finalmente falaram sobre a OTA. Aí eu estava muito curioso. OK. Melhores sítios para o aeroporto. Rio Frio. Mais barato, etc. Era onde eu estava mais céptico. E acho que é onde o primeiro-ministro tem mais dúvidas de que, se calhar, pode estar a não fazer o mais acertado. Mas compreendo que ele tem de decidir e que a responsabilidade não lhe pode ser completamente atribuída. É um projecto do país que tem trinta anos. Não pode ser mais adiado. Seja a OTA. Acho que Portugal se pode dar por muito satisfeito por ter um governo assim. E acho que todo o país devia estar orgulhoso, mesmo aqueles que não votaram PS, como eu. É um país que tem um primeiro-ministro (pelo menos) sério, dedicado, que não vira a cara à luta, que tem convicções, sabe das suas responsabilidades, não se conforma com o atávico sentimento de inferioridade e não está satisfeito. Por outro lado, não me posso esquecer daqueles que dizem que, para se ser um bom político, tem de se ser injusto porque a sociedade não é justa. Mas, no caso de Portugal, talvez seja porque não estamos habituados à excelência no governo."

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