...
1) Dois vizinhos zangaram-se.
2) Na sequência disso, duas etnias resolveram demonstrar o seu ódio mútuo.
3) No âmbito dessa desavença, vários indivíduos saem à rua e com recurso a caçadeiras, pistolas e outras armas dignas de um pequeno exército, guerreiam-se na via pública, fazendo lembrar, por exemplo, a Faixa de Gaza.
4) Nem 24 horas passam e já as milícias se encontram de novo para mais uma agradável troca de tiros.
5) Parte dessa guerra é filmada e transmitida repetidas vezes na televisão.
6) Dezenas de pessoas de uma dessas etnias agrupam-se junto à Câmara Municipal e exigem casa nova.
7) A Administração promete resolver o problema e, para que os refugiados não tenham que regressar às casas que antes lhe tinham sido oferecidas e que estão localizadas no cenário de guerra, fornece-lhes alojamento, aparentemente, temporário.
8) No meio deste enredo a “Faixa” (a escassos km da capital do país) mantém-se atribulada, com pilhagens e actos de vandalismo às casas dos refugiados.
9) Quanto às dezenas de soldados que combateram nas ruas, dois, repito, dois, são levados ao Juiz que, simpaticamente, os devolve ao exército.
A medo, como sempre (não fosse este um conceito meio fascista), pergunta-se pela autoridade do Estado… Onde está? Existe? Foi-se?
Existe! Mas está centrada na cobrança de impostos, taxas, multas e outras receitas que algum Ministro das Finanças se lembre de inventar; na fiscalização da Sra. Queijeira da Serra da Estrela que armazena o queijo em madeira em vez de aço inox made in E.U.; no ataque aos perigosíssimos senhores do capital e na mobilização de meios para a acção fundamental do Robin Hood dos tempos modernos.
Compreende-se…